No tempo em que as mulheres tinham os filhos nas suas próprias casas, com as famosas parteiras, o risco era muito grande tanto para a criança quanto para a parturiente. Sabendo disso, as mulheres se agarravam com todo tipo de mezinhas e orações.
Era muito conhecido no interior do Ceará, um velho que vagava de cidade em cidade, num cavalo alazão, levando uma bendita e famosa oração "parideira". Aonde o velho chegava já ansiosamente aguardado, era uma festa para as mulheres prenhas do lugar. Mas o velho tinha as suas exigências. Além de boa hospedagem e alimentação para ele e o seu cavalo, ninguém podia mexer na trouxinha de pano, pendurada num cordão, onde era embalada a milagrosa oração e nem ele dizia o que lá estava escrito.
Na hora do parto, bastava à parturiente colocar o poderoso artefato no pescoço e pronto, a criança nascia sem nenhum problema, saúde boa para mãe e filho e tudo bem. Sorte ou não, sempre dava certo e a oração do velho ficava, cada fez mais famosa e requisitada.
Mas, um belo dia (sempre aparece esse belo dia para atrapalhar a vida de muita gente), uma das amigas de uma parturiente, aproveitando-se da distração do velho, resolveu abrir a trouxinha para ver o teor da oração e quase morre de espanto. Estava escrito, em quase ilegível, caligrafia: "Comendo eu e o meu cavalo alazão, pouco me importo se essa mulher vai parir ou não!".
Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirQuanto ao causo, lembro muito de minha mãe falando dele.