| Imagem meramente ilustrativa |
Era um domingo, por volta das 16h, quando subi num ônibus que nem tava tão cheio assim. Tinha até algumas poltrona vazia. Pelo meno até a maldita hora que eu fui puxar assunto com a pessoa da cadeira da frente, quando meu calado companheiro de lado teve que ir embora. Não fez lá muita diferença o lugar do meu lado ter ficado vazio. Na frente, tinha uma senhora com uma criança de uns 9 anos. Aparentemente, alguma prima minha muito da distante.
Tudo porque eu fui pedir pra ela me avisar quando estivesse próximo da Agência local, para que minha passagem de volta pra capital pudesse ser reservada com antecedência. Foi só trocar uma palavra com a menina pra ela dar um pulo pra poltrona do meu lado e começar a fazer mil e uma perguntas.
- Não, eu não tenho filhos. Não, eu não sou teu tio distante. Não, eu não estudo mais no colégio. Não, não tem Justin Bieber nas músicas do meu celular! Não, eu não deixo você ver meu celular. Porra. Acabei deixando.
"Presta atenção! É simples! 4 pra esquerda, 6 pra direita. Não, o 2 num serve! O bonequinho já pula! Não precisa apertar o 2!!!! ... Tá vendo, morreu." - Foi uma das intervenções que eu fiz. A dita cuja era meio impaciente e a mãe se orgulhava de dizer que a sua filha, de 9 anos, já dizia que queria ser médica e fazer faculdade quando crescesse. Arri égua! Quando eu tinha nove anos, acho que tava na fase de querer ser gari. Ou então motorista de caminhão.
Quando desembarquei, fui recepcionado por um sol da gota, de lascar mermo. Eu ainda achava que tinha chuva lá, mas fui enganado. Vou queimar minha língua já, já. E não por causa do Sol.
O dia correu normal, sem nada pra fazer. Só de papo pro ar. A noite chegou com o sentimento de aprovação por mais um dia cumprido naquele canto.
Na hora de dormir, tinha um quarto separado só para mim. Uma cama boa de casal com um ventilador do lado, que ia quebrar um galho danado, já que ainda fazia muito calor. Quando liguei o danado do ventilador, um barulho infernal ficava no meu pé d’uvido. Como se as hélices encostassem em alguma coisa estranha. Que nem na banda de forró, liguei o ventilador no 3 e foi aí que o barulho aumentou mesmo e, do nada, um negócio explodiu logo em cima da minha cama. Uma casa de aranha, pra esclarecer. Uma ruma delas caiu em cima da caminha bem limpinha e arrumadinha. Você tá rindo é? Vai se lascar, então.
Lá pelas 23h todo mundo na casa já tava bem deitadim, com suas coberta bem cheirosinha. Cobertas. Guarde bem essa palavra.
Como num dava pra dormir mais na cama, olhei pro lado e vi uma rede, que era minúscula e ainda por cima tava sem nenhum lençol, nem um paninho pra apoiar a cabeça pelo meno.
A falta do lençol num tava fazendo tanta falta, se num fosse o toró que começou de madrugada e só parou umas 30 hora depois. O frio chegou, e cada vez mais. E a porra do lençol, nada. Onde tava a porra do lençol!?!? Uma pena, mas num tava na minha rede.
Consegui pegar no sono no mei desse aperreio, mas acordei umas 5h30, com um frio, que tava um pouco controlado pela minha blusa, enrolada nas perna, mas no resto do corpo o frio tava de lascar.
Meus avós também acordaram e tavam enroladinhos num cobertor que mais parecia um edredom. O segundo dia correu sem nada de muito interessante para ser dito aqui. Resumindo, choveu. Pronto. E eu só li. Muito. Acabou.
Num sei porque, mas tô com a impressão de que escrevi além da conta. Desculpa pros que chegaram até aqui. Se é que alguém chegou até aqui. Mas vamo que vamo. E sem aranha que é melhor.
O causo de hoje foi enviado pelo minino inteligente de mais da conta Juscelino, estudante de Jornalismo da UFC.
a melhor história que li aqui.
ResponderExcluirEu adorei essa história. Parabéns ao estudante que a escreveu.
ResponderExcluirVocês podiam dá um prêmio pra esse menino que escreveu a história. Tá muito boa!
ResponderExcluirEsse causo tá melhor que meu Leriado da Ivete. Parabéns, Juscelino, adorei sua história.
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